“Espiral”, um poema do livro “Tradutor de Chuvas”
ESPIRAL
No oculto do ventre,
o feto se explica como o Homem:
em si mesmo enrolado
para caber no que ainda vai ser.
Corpo ansiando ser barco,
água sonhando dormir,
colo em si mesmo encontrado.
Na espiral do feto,
o novelo do afecto
ensaia o seu primeiro infinito.
MIA COUTO
Do livro “Tradutor de Chuvas”, publicado pela Editorial Caminho.